terça-feira, 16 de março de 2010

HOMENAGEM A RIBEIRO SANTOS

No próximo dia 19 de Março terá lugar uma sessão de Homenagem, promovida pelo ISEG, a JOSÉ ANTÓNIO RIBEIRO SANTOS, estudante de Direito e militante da Organização do MRPP para a Juventude estudantil, assassinado pela PIDE naquele Instituto na tarde de 12/10/1972.

Usarão da palavra: Professor Doutor Fernando Ramôa (Reitor da Universidade Técnica de Lisboa), Professor Doutor António Sampaio da Nóvoa (Reitor da Universidade de Lisboa), Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa (em representação da Faculdade de Direito de Lisboa), Professor Doutor João Duque (Presidente do ISEG), Dr. João Carlos Ribeiro Santos (irmão de Ribeiro Santos) e Professor Doutor António Garcia Pereira (colega de Ribeiro Santos e actual docente do ISEG).

Entre os convidados para a sessão contam-se os Drs Mário Soares, Arnaldo Matos, João Mário Mascarenhas, José Lamego e João Soares.

Local: ISEG (Instituto Superior de Economia e Gestão), Edifício Quelhas, Lapa
Hora: Entre as 15h00 e as 17h00

Recordo aqui o meu post de 11/10/2009 sobre Ribeiro Santos: http://garciapereira2009.blogspot.com/2009/10/honra-ribeiro-santos.html

Conto com a vossa presença!

segunda-feira, 8 de março de 2010

VIVA O 8 DE MARÇO!

No Dia Internacional da Mulher saúdo calorosamente essa “metade do céu” que são as mulheres trabalhadoras de todo o Mundo!

E não deixo de recordar que em Portugal, 36 anos depois do 25 de Abril e não obstante o nível médio de escolaridade das mulheres activas ser superior ao dos homens, não apenas nas profissões mais qualificadas e mais bem pagas a maioria dos lugares continua a ser ocupado por homens como, para o mesmo tipo de funções, a remuneração das mulheres continua a ser, em média, de apenas 78,4% da dos homens (situação que é mais grave nas profissões mais qualificadas, onde essa diferença salarial ultrapassa mesmo os 30%!).

domingo, 7 de março de 2010

A BARBÁRIE NA ESCOLA OU A ESCOLA DA BARBÁRIE

Numa mesma semana, um menino de 12 anos, cansado de tanta agressão e, sobretudo, de tanta indiferença, atirou-se ao Rio Tua ao encontro da morte. E foi conhecida a acusação do Ministério Público contra um homem de 33 anos de idade, ex-aluno do Colégio Militar, que entre 2001 e 2003 abusou de 7 alunos com idades entre os 9 e os 12 anos.

No primeiro caso, é agora referido que as agressões eram contínuas, até já tinham levado anteriormente a um internamento hospitalar de 2 dias e aparentemente ninguém quis saber nem ninguém tomou qualquer medida efectiva. No segundo, fica-se a saber que o referido ex-aluno do Colégio Militar (onde andou durante 8 anos) tinha não só “muito prestígio” como também “permissão para entrar na instituição quando quisesse e com quem quisesse” e ainda que as razões do silêncio das vítimas e dos seus colegas acerca dos abusos são as de que “era impensável alunos do 1º ano dizerem não a um aluno mais velho” e que “aquilo é uma hierarquia, quem está em cima é que manda”!...

Ora, para além da mais absoluta inaceitabilidade deste tipo de situações e da necessidade de apuramento até ao fim das respectivas responsabilidades, ao nível não apenas dos agressores mas também de todos aqueles que com a inacção, a incúria ou o silêncio cúmplice possibilitaram que agressões e abusos como estes pudessem ocorrer e repetir-se sempre impunemente, creio que é preciso ir mais longe e mais fundo!

É necessário discutir a sério o que são hoje as nossas Escolas (públicas ou privadas, civis ou militares), que conteúdos, que princípios e que valores nelas são ensinados e de que modelo de sociedade curam elas de assegurar a respectiva e acéfala reprodução.

É preciso assim denunciar o abandono de qualquer perspectiva cívica, a completa desvalorização da pessoa humana e da sua dignidade, bem como a descaracterização e mesmo o descrédito do Trabalho como factor de realização pessoal e profissional, e a substituição desta concepção por uma lógica de “fábrica” ou de “quartel”, de par com a ideologia própria da chamada “globalização” assente na pregação do dinheiro, do poder, da competitividade e do “sucesso” como os valores supremos de aferição de todas as condutas, a deificação do individualismo extremo e a afirmação de que os fins justificam todos os meios, tudo de par com uma espécie de “darwinismo social” que tende a demonstrar a “bondade” e a “inelutabilidade” da ideia de que na sociedade actual "naturalmente" não há nem pode haver lugar para os mais fracos e mais vulneráveis, para os idosos, para os doentes, para os deficientes, para os simplesmente diferentes.

E, logo, tudo o que encaixe em tal concepção do Mundo é, senão aceitável e até positivo, pelo menos tolerável e compreensível…

Que este debate possa ser levado a cabo de forma consequente e que ao menos desta feita os gritos das vítimas não sejam, uma vez mais, abafados pelo manto diáfano do silêncio, com a já habitual invocação da pretensa necessidade de “não criar alarmismos” ou de que quem denuncia estes autênticos regressos à barbárie estaria afinal a levar a cabo meras campanhas de “manipulação da opinião pública”!