A entrevista da RTP a José Sócrates revela, em meu entender,
três coisas:
A primeira é que Sócrates continua igual a si próprio:
arrogante, incapaz de reconhecer um único erro, especialista na mistificação e
no escamoteamento das suas responsabilidades que, segundo ele, serão nenhumas.
A segunda é a fraqueza evidente dos solícitos
entrevistadores, incapazes de confrontar Sócrates com uma única pergunta
consequente e certeira, desde os célebres 150.000 novos empregos que iria
criar, os impostos que iria baixar, as negociatas das parcerias
público-privadas, a aldrabice dos números relativos ao défice na véspera das
eleições, a impiedosa perseguição aos adversários políticos e a todos os que
pensassem diferente, as várias tentativas de controlo da imprensa e dos
serviços de informação, etc., etc., etc..
A terceira é o que esta entrevista e a contratação de
Sócrates como comentador político verdadeiramente encerra, de par com os
critérios de escolha e promoção dos diversos comentadores e opinadores – tal
como no passado, as televisões, e em particular a RTP, o que preparam é a
divulgação e promoção dos pontos de vista (apenas) do PS e do PSD, ou seja, do
Bloco Central, preparando o caminho para a pior solução de todas para o Povo
Português – perante a possível e previsível derrota do PSD nas próximas
eleições, apresentação do PS como a única alternativa “credível” e face a uma
maioria, mas relativa, deste, do que se trata é a pregação de que a solução
para o País só pode ser... a coligação do PS com o PSD, ou seja, a colocação de
novo no Poder dos principais responsáveis pela catástrofe a que o nosso País
foi conduzido!