quinta-feira, 11 de abril de 2013

OS LOBOS DA ANTI-CULTURA


      António Costa e a sua vereação querem despejar do Teatro S. Luís a Companhia Teatral do Chiado, fundada por Mário Viegas e Juvenal Garcês. 
      O ódio dos democratas de pacotilha à Cultura, e em geral a tudo o que não consigam controlar, não desaparece nunca.
      E os lobos, sobretudo em ano de eleições, podem perder os dentes. Mas não perdem nunca os intentos!




Este ataque ao nosso património cultural NÃO PASSARÁ!

Fundada em 1990 na sequência de um espectáculo levado à cena em 1989 por Mário Viegas e Juvenal Garcês – O Regresso de Bucha e Estica -, a Companhia Teatral do Chiado (CTC) desenvolveu, desde a sua fundação, um conjunto de actividades vivificadoras do Teatro, sendo exemplo paradigmático dessas iniciativas o Chá das Cinco no Chiado, encontros de diálogo aberto e livre debate entre público e actores.

Sendo a concretização de um desejo daqueles dois actores expressarem a sua sensibilidade teatral em contracorrente com o status quo cultural cinzento e castrador, dominante naquela época, o projecto foi responsável pela reabilitação do chamado teatro de raiz popular, atraindo novos e velhos públicos para uma vertente cultural a atravessar, então, uma profunda crise de audiências.

Para além das produções teatrais que realizou ao longo de cerca de três décadas, a CTCmontou exposições temáticas, levou a cabo sessões videográficas, promoveu o lançamento de livros e discos e animou uma intensa agenda de 25 produções, desde o teatro à poesia, passando pela música (donde se destacam as sete edições da Festa do Jazz), a dança contemporânea, clássica e o flamenco, bem como a inédita estreia de uma curta-metragem de um jovem realizador português.

Face a este intenso e profícuo labor cultural, que reabilitou a relação de vários públicos com o teatro e a cultura, numa vertente popular de há muito perdida, está a causar a maior indignação nos meios artísticos e culturais – com a qual o PCTP/MRPP e a sua Candidatura à Câmara Municipal de Lisboa se solidarizam – a decisão de António Costa, por enquanto presidente da Câmara Municipal de Lisboa, de entregar uma sala que foi reconstruída em 2003 para acolher o Teatro-Estúdio Mário Viegas com a estreia da peça Oh que Ricos Dias a outra entidade que, no seu entender, poderá gerar lucro!

O teatro, desde logo beneficiando do riquíssimo espólio que a família de Mário Viegas cedeu, corre agora o sério risco de vir a ser entregue às Producções Fictícias, certamente porque prevaleceu a visão saloia, boçal e economicista de António Costa que tem da cultura o mesmo entendimento que Coelho e Portas, os serventuários de serviço da tróica germano-imperialista, isto é, de que a cultura representa…DESPESA!

É por isso que urge uma forte mobilização de todas as forças e personalidades democráticas, apelando-se a todos aqueles que, independentemente das concepções estético-culturais que perfilham, comungam a necessidade de defender a liberdade cultural e artística e o debate de ideias que permite e consagra o elevar da consciência de um povo, que se unam para travar este miserável ataque e isolar o oportunista António Costa, exigindo a revogação imediata da medida anunciada pelo seu executivo camarário.

Já não bastava ao Costa, tal Dantas revisitado, destruir e descaracterizar a cidade, sequestrar Lisboa impedindo-a de ser uma capital europeia moderna, desenvolvida e culta. Para além de ter transformado a cidade num monumental parque automóvel e numa apetitosa presa do patobravismo, António Costa quer, agora, destruir uma das referências maiores do seu património cultural – a CTC e o Teatro – Estúdio Mário Viegas.

MORRA O DANTAS – COSTA, PIM!

Luís Júdice