quarta-feira, 29 de setembro de 2010

CONTRA O “COMER E CALAR”, VAMOS À LUTA!


Como já era previsível, o governo Sócrates, após ter andado a procurar ocultar a sua verdadeira dimensão, anunciou hoje um conjunto de medidas de suposto combate ao défice e de extrema gravidade para o Povo trabalhador.

Tais medidas vão, para já, do aumento para 23% da taxa geral do IVA (que é um imposto “cego”, que atinge tanto ricos como pobres mas que, agravando os preços de muitos produtos de primeira necessidade, vai prejudicar sobretudo os mais necessitados) ao abaixamento, de 5% em média, dos salários dos trabalhadores da Função Pública (alvo fácil e sempre à mão), ao congelamento das miseráveis pensões de reforma e à diminuição dos apoios sociais como o subsídio social de inserção.

Ora, é sabido que nenhum elemento do Povo ficou a dever o que quer que seja a quem quer que seja e que o actual défice (que, recorde-se, antes das últimas eleições o Ministro Teixeira dos Santos afirmava ser de apenas 3,5% e que, só após sacados os votos, veio reconhecer que era então já cerca de 9%...) se deve, em larga medida, aos dinheiros do Orçamento de Estado (cerca de 4,5 mil milhões de euros) que foram usados para tapar os buracos do sistema financeiro causados pela gestão fraudulenta e, por outro lado, à quebra de receita fiscal, a qual, por seu turno, decorre de uma parte da economia, em especial as pequenas e médias empresas, já não aguentar a carga fiscal e de áreas cada vez mais amplas de “desfiscalidade” (ou seja, de o Estado não cobrar os impostos que devia cobrar).

O que estas medidas de Sócrates representam é que quem nada teve que ver com a criação do défice e mais sofre com a crise, ou seja, os trabalhadores por conta de outrem, os reformados e os pensionistas, os desempregados, os idosos e os doentes, é que é posto, e de forma absolutamente brutal, a pagar a crise!

O sector financeiro que no ano da plena crise económica, que foi 2009, acumulou 1.725 milhões de euros pagou de imposto sobre esses lucros fabulosos apenas 74 milhões de euros, ou seja, 4,3%. E entretanto vai buscar dinheiro emprestado ao Banco Central Europeu à taxa de 1% e depois empresta aos cidadãos e às empresas e até ao próprio Estado a taxas 4, 5 e mais vezes superiores. Os empréstimos dos bancos que operam em Portugal ao Estado Português ascendem já a 10.530 milhões, a taxas que vão dos 4,5% para os empréstimos a 4 anos a 6,4% para os empréstimos a 10 anos.

Baixar o salário, um cêntimo que seja, a quem ganha 500€, congelar as pensões de um milhão e meio de portugueses que recebem as pensões mínimas e diminuir ou dificultar os apoios a quem não tem nenhum meio de subsistência, mostra bem a natureza de classe do Governo do PS. E exige que todos nós, contra a paralisia dos Sindicatos e o marasmo dos Partidos que se dizem de esquerda, nos ergamos resolutamente em luta. Não ceder, não aceitar a canga que nos querem pôr ao pescoço e impor na rua a queda do Governo reaccionário de Sócrates é a nossa primeira e principal tarefa.

Nunca como hoje faz tanto sentido a primeira estrofe da Internacional: “De pé, ó vítimas da fome”...

6 comentários:

  1. Acho que ainda não é desta que a anestesia passa a este Povo... talvez quando chegarmos à sobremesa, eles lá acordem (este foi a meu ver o prato de carne)... mas aí a situação já só se resolve à chapada!!!
    Quanto à nossa querida Banca... só mesmo com demolição controlada. O actual Sistema Monetário está obsoleto, mas como a meia dúzia do costume continua a retirar através deste Sistema triliões em lucro e são eles que mandam no Sistema chegamos a esta situação... Vivemos escravos deste Sistema, a grande maioria inconscientemente, pois a forma como ele foi sendo montado ao longo dos anos é, temos que admitir, genial...

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  2. Meu caro Voz a 0 db,

    Genial será a destruição deste sistema em que de facto uma pequena minoria se apropria da enorme riqueza produzida por aqueles que trabalham. Mas acho que esta altura é também propícia para ver como forças políticas e sindicais que se dizem de esquerda se comportam nesta situação. Nem uma palavra sobre Revolução e marcação de protestos só empurrados à força pela grande maioria dos trabalhadores e marcados para quanto mais tarde melhor.

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  3. Tem toda a razão...
    No Dia Glorioso em que o Sistema Monetário for destruído aí sim voltaremos a Viver... até lá apenas sobrevivemos.

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  4. Não sei se é só o governo PS que deve ser responsabilizado pelos ataques cada vez mais agressivos aos trabalhadores... Acredito é que sem uma unidade organizada de ideias e objectivos de luta por parte dos trabalhadores não há grande vantag...em em derrubar governos anti-populares - do bloco de cabecilhas do "PS-PSD-CDS" -, nem se combate bem o voto útil, e muito menos se faz qualquer revolução. Defender o derrube do governo nestas condições não me parece que nos leve longe.

    Parece-me que não existe actualmente qualquer movimento ou força política com força para se constituir sozinha como alternativa democrática civilizacionalmente superior (ou revolucionária). Por isso, talvez seja nesse sentido que valha a pena investir: denunciar e contrapor na política parlamentar, sim; lutar na rua e nas empresas, fazer greves mais ou menos gerais, também; e exigir das lideranças políticas a capacidade para encontrarem vias comuns, no dia-a-dia, que fortaleçam o desenvolvimento dessa alternativa aos parasitas que acumulam riqueza e poder à custa da injustiça e do crescente sofrimento de milhões de outros seres humanos (sem falar do resto do planeta).

    Sejamos realistas: não tem sido nem será o voto no MRPP a criar novas oportunidades ou fortalecer o movimento popular, nem esse voto impedirá o PS ou o PSD de continuarem com esta política. Como não o conseguirá o voto em partidos de esquerda divididos. Romper com a lógica da submissão e do fatalismo derrotista impõe romper com medos de mudar práticas políticas "familiares".
    Na minha humilde opinião, a capacidade para o diálogo político, para a inovação e diversificação de práticas de luta e para o estabelecimento de alianças políticas são as fontes da esperança de conseguir romper com a lógica da submissão e do fatalismo derrotista. Por uma política do bem comum à escala global.

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  5. Muito Obrigado pelo seu artigo! Vamos à luta!

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  6. Caro António,

    É óbvio que não é pelo voto que os operários e demais trabalhadores conseguirão resolver de raiz os problemas e dificuldades com que se defrontam. Mas a eleição de um deputado do PCTP/MRPP constituirá uma importante tribuna na denúncia das políticas reaccionárias e na defesa das medidas democráticas e populares que podem e devem ser adoptadas.

    Devíamos estar a discutir o programa de desenvolvimento económico que serve os interesses dos trabalhadores e as medidas que tal programa implicam. Pois o que interessa é a política a seguir e não os partidos das pessoas escolhidas para governar.

    O que defendemos não é um governo de pessoas do MRPP mas sim um governo com uma política ao serviço do Povo e do qual governo até podem até fazer parte pessoas dos vários partidos desde que seja para aplicar essa mesma política. O que seguramente nada serve os interesses da Revolução é o semear de ilusões sobre a democracia parlamentar burguesa e/ou pregar a desnecessidade do debate político e ideológico como fazem tanto os partidos parlamentares que se afirmam de direita como aqueles que se afirmam de "esquerda".

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