quarta-feira, 25 de abril de 2012

O POVO VENCERÁ!




O 25 de Abril não foi, desde a sua génese, uma Revolução mas antes um golpe de Estado militar visando a mudança de Governo, e cuja data exacta, aliás, foi marcada – conforme confessaria mais tarde o próprio Otelo Saraiva de Carvalho – para se antecipar às manifestações populares marcadas para o 1º de Maio.

A Revolução – que já vinha de antes do 25 de Abril e se manteve e intensificou depois dele – desenvolveu-se à margem e contra a própria lógica do golpe do 25 de Abril (cujos mentores aliás fizeram nessa madrugada insistentes apelos ao Povo para que não saísse à rua e também aos Pides, para que manifestassem o seu “civismo”!?).

Foi esse irrompimento (não querido pelos militares) das massas do Povo pelas ruas que forçou e determinou o próprio decurso e desfecho dos acontecimentos, em particular no Terreiro do Paço e no Largo do Carmo, que impôs o cerco à Pide – que não fora ocupada pelas forças militares – tal como a prisão dos esbirros da mesma Pide e a posterior extinção desta (quando o chamado Programa do Movimento das Forças Armadas previa a sua manutenção ndas colónias como “Polícia de Informações Militares”), bem assim como forçou a libertação de todos os presos políticos sem excepções.

Tentar equiparar o golpe do 25 de Abril a uma Revolução constitui, pois, um grave erro de oportunismo e uma completa malversação da verdade dos factos.

E criticar o actual Governo de traição nacional PSD/CDS por aplicar o Programa da tróica e as medidas terroristas que este representa mas esquecer o Governo de Sócrates e as medidas igualmente terroristas por este aprovadas e escamotear que o PS também assinou o mesmíssimo acordo da tróica, constitui um outro completo oportunismo e representa, mesmo, tentar cuspir na inteligência e na memória do Povo Português.

Quem os viu então não comparecer às cerimónias do 25 de Abril de 2011 e dizer a Sócrates o que dizem agora de Passos Coelho?

É por isso que a apregoada posição de Vasco Lourenço, Mário Soares e Manuel Alegre (de não participarem nas cerimónias oficiais do 25 de Abril), não obstante os ares de “esquerda” com que se procura adornar, não passa, afinal, duma atitude tão oportunista quanto reaccionária e não pode, por isso, deixar de merecer uma viva denúncia!

Até por tentar atrelar os justos sentimentos democráticos do Povo Português – que sempre se bateu heroicamente contra a ditadura fascista e contra a guerra colonial – a objectivos em absoluto contra-revolucionários e desde logo o da “reabilitação” do pior Governo depois do 25 de Abril, que foi o de Sócrates, e que precisamente por ter sido tão mau é afinal o único responsável por o Governo Coelho/Portas não ter sido ainda mandado borda fora, como inequivocamente merece.

E quando hoje um número crescente de elementos do Povo diz que “isto está a precisar é dum novo 25 de Abril, mas desta vez a sério” o que muito justamente pretende significar é que o actual Governo PSD/CDS deve ser derrubado, mas não por um qualquer golpe palaciano e não para pôr lá um outro igual, mas sim pela constituição dum Governo democrático patriótico que reagrupe todas as forças políticas e sociais democráticas, que rejeite a política terrorista da tróica, que repudie o pagamento da dívida e que aplique um programa de desenvolvimento económico e de combate ao desemprego.

Lutar pela Liberdade e pela Democracia para o Povo e pela Independência Nacional contra a tróica e os traidores à pátria nunca foi tão actual como hoje! 

O POVO VENCERÁ!
 

2 comentários:

  1. Estou de acordo com quase tudo, mas não com tudo. Isto porque concordo com a demarcação que alguns assumiram em relação às ditas comemorações oficiais (???)do 25 de Abril,promovidas e "interpretadas", estas, pelos cínicos coveiros de tudo quanto é vestígio, ainda que ténue, do 25 de Abril. Poderá, obviamente, questionar-se a oportunidade (tardia)desta demarcação, nomeadamente, por, como diz, já se justificar na era Sócrates (para dão recuarmos mais, acrescento eu). Mas isso não me parece suficiente para lhe retirar o significado objectivo que assume, no actual contexto. A prova disso, aliás, é a reacção do sr. Passos Coelho ao sucedido (imputação de desejo de protagonismo). Agora, que PS, PSD e CDS vão dar ao mesmo e que, à conta das respectivas políticas (e dos seus mandantes)estamos como estamos e iremos estar pior, disso não tenho qualquer dúvida, como, aliás, tenho testemunhado. Assim como subscrevo o seu apelo à luta pela reposição da Democracia e da Independência Nacional.

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  2. Absolutamente de acordo!

    Chris Gupta: "A constituição de uma «Democracia Representativa» "consiste na fundação e financiamento pela elite do poder de dois partidos políticos que surgem aos olhos do eleitorado como antagónicos, mas que, de facto, constituem um partido único. O objectivo é fornecer aos eleitores a ilusão de liberdade de escolha política e serenar possíveis sentimentos de revolta..."

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