Conforme foi recentemente tornado público, na cidade-fábrica chinesa Shenzen - onde são produzidos alguns dos mais conhecidos instrumentos electrónicos do Mundo, a começar pelo iPod da multinacional Apple - os respectivos trabalhadores ganham cerca de 100 dólares por mês, trabalham num autêntico regime militar, fazendo turnos diários de 12 horas e dormindo em camaratas de 30 pessoas, em condições de tal pressão e desumanidade que só em 2010 já ali se suicidaram 10 operários.
Situações similares foram aliás já identificadas em outras fábricas e empresas em que outros gigantes da economia mundial como a Nike, a Reebok, a Walmart, a Nokia e a Matel subcontratam a produção dos respectivos produtos, inclusive com recurso ao trabalho infantil.
E é à custa destas situações de quase-escravatura que os trabalhadores dos países do chamado "centro" são hoje confrontados com a permanente chantagem de que ou aceitam trabalhar ainda mais e ganhar cada vez menos ou vão para o desemprego porque as respectivas empresas se deslocalizam para aqueles autênticos paraísos da desregulação e da chacina dos direitos sociais e humanos mais básicos.
O que, além de pôr a nu a hipocrisia dos discursos oficiais sobre os direitos humaos que os esclavagistas modernos tanto gostam de apregoar, mostra claramente que a organização e a luta dos trabalhadores a nível internacional é hoje mais importante e urgente do que nunca!
é perverso dizê-lo, mas
ResponderEliminara libertação dos operários dos paises periféricos destas condições esclavagistas só agravará ainda mais as condições de assalariamento dos trabalhadores nos paises do centro capitalista ocidental (a maioria afectos ao sector terciário). A tal ponto que nos EUA corre uma onda de contestação que acusa Obama de ser "comunista" e de estar a praticar uma espécie de "trotskismo" global (o internacionalismo proletário no marxismo clássico), só que desta feita, obviamente, comandado pela burguesia multinacional.
A favor desta tese tivemos a bandeira da China lado a lado com a dos Estados Unidos na séde novaiorquina da Goldman Sachs.
Que saídas haverá para a organização dos trabalhadores a nivel global num panorama destes? a resposta da classe operária terá de ser obrigatoriamente global? que consequências de êxito nas lutas se poderão retirar dos conflitos locais sujeitos a meios de repressão descomunais?
Não se fazer nada é o primeiro passo para a escravidão... Olhar para o chão, encolher os ombros e dizer "é a vida" por certo que não é o caminho. Fico boquiaberto quando ouço pessoas a afirmar que "temos que fazer mais este sacrifício". As mentes das pessoas estão de tal forma inundadas de mensagens que incutem temor, que por isso se deixam ir na onda... direitas à escravidão.
ResponderEliminarJá alguém referiu temor reverencial ????
ResponderEliminarÉ o "prato do dia" ...., cada dia mais "servido"...
Tomei a liberdade de "linkar" este post num comentário que fiz em http://zlfm.blogspot.com/2010/06/frase.html
ResponderEliminarsobre a frase que aparece já à alguns dias no Publico online e atribuida a esse senhor que dá pelo nome de Angelo Correia.
Obrigado
A luta dos trabalhadores sempre foi importante, necessária desde que exista exloração (em qualquer parte do globo), do homem pelo homem, o pior é que todos nós, povos, na altura de votar somos epocritas, lá vamos votar no PSD ou no PS. Quer estes quer todos os outros os meço pela mesma medida. SÃO TODOS DIFERENTE MAS, TODOS IGUAIS.
ResponderEliminarPor mim, já com 64 anos começo a acreditar que não existe partido nenhum em nenhum país, que seja hunesto. Hunesto? pergunto eu!
Os partidos devem dinheiro aos cofres do estado/governo e, estão muito caladinhos, não é nada connosco. Vão para assembleia república e só se ouve discursos troixos, defensores dos seus ideais, (quando os tem), traidores porque aprovam ajudas às empresas para se instalar no país e não pedem contrapartidas em defesa dos trabalhadores no caso de abandono do país deixando quem trabalha a estado abandono.
Etc, etc, etc.
Por isso, só se consegue mexer com isto desta forma: Nas proximas eleições lelislativas, o povo à boca das urnas deviam de votar (pelos menos 60%) em branco.
Claro que os outros 40% seria distribuidos pelso outros mas, não havia maiorias e era acima de tudo, uma forte chamada de atenção de que o povo é "mesmo" quem mais ordena. Se não for feito desta maneira, para a proxima já se sabe quem vai ganhar, o PSD e, vamos voltar ou continuar na mesma. Estão a pensar, deviamos votar do Bloco ou PCP. Por favor, estes senhores fariam alguma coisa?! Agoara não fazem quase nada. Além disso não têm quadors preparados para tal cargo.
Por isso, a melhor opcção é, VOTAR EM BRANCO.
Caro Fernando Teixeira,
ResponderEliminarCompreendo o seu desencanto, sei que tem muitas razões para tal, mas quero-lhe apenas sublinhar duas coisas:
Por um lado, a uma força política como o MRPP nunca foi dada a possibilidade (e foi por isso mesmo, aliás, que foi proibido de concorrer às eleições de 1975) de chegar ao Parlamento e mostrar o que vale; aos outros, sim, e já mostraram que não valem nada. Não terá chegado a altura de dar essa hipótese ao MRPP?
Por outro lado, e para além dos votos em branco poderem ser facilmente adulterados por quem controla as mesas de voto, a verdade é que permite que as máquinas dos partidos do poder vão lá à mesma e elejam os seus homens e mulheres de confiança.
Penso por isso que é preferível um voto consciente nos candidatos que podem fazer a diferença.
Caro Zé Lucas, obrigado pela partilha e divulgação. E realmente aquilo que denuncia é o discurso dos esclavagistas modernos. O próximo passo é dizer de forma ainda mais aberta que os pobres são pobres porque não querem trabalhar e por isso podem e devem ser perseguidos...
ResponderEliminarComo bem diz "Voz a 0 db", calar e nada dizer é o primeiro passo para a escravidão...
ResponderEliminarUm texto muito lúcido e acertivo. Tomei a liberdade de o "roubar" para aqui: http://www.combatesocial.blogspot.com/
ResponderEliminarAgradeço-lhe a atenção e a divulgação. Um abraço.
ResponderEliminarCaro Garcia Pareira:
ResponderEliminarHá uns anos atrás tive algumas discussões acesas com amigos meus que gostam de calçar Nike, dizendo-lhes que os trabalhadores das fábricas da Nike na Indonésia (90% da produção vem de lá) ganhavam cerca de $1.5 por dia, o equivalente a 1.20€ por dia, e que no final do mês não viam mais que 40€ líquidos para a sua subsistência. Fiquei estupefacto ao ouvir deles esta resposta "mas se tu não comprares umas Nike cá, (por preços que variam entre os 50 a 130 euros cada par), milhões de criancinhas passarão fome na Indonésia e na China, porque os pais não terão emprego".
A que conclusão chego ao ouvir isto? Que vêm o capitalismo e a exploração do próximo, como uma forma de esses poderem sobreviver, daí uma inevitabilidade. Ainda hoje faço boicote a essas marcas e só compro calçado português que pode até não ser o mais confortável e atrativo a nível estético, mas estou a contribuir para a minha economia que tanto necessita. E continuo a passar esta mensagem por mais que me julguem "um lunático contemporâneo" por pensar assim.
Bem vindo à blogosfera. Só descobri o seu blog hoje, mas posso dizer que ainda há dias o vi, à saida de um restaurante indiano no largo do Carmo. Não lhe falei, mas admiro muito a sua luta.
Um abraço sentido.
Caro Martini Bianco,
ResponderEliminarAntes de mais as minhas desculpas por este enorme atraso na resposta.
Agradeço-lhe muito o seu comentário. Creio que tem toda a razão naquilo que refere relativamente à posição dos seus amigos. Mas para além do apoio internacionalista que devemos dar, sem reservas, aos trabalhadores desses Países, a verdade é que o actual "jogo" só deixará de ser jogado quando esses mesmos trabalhadores alcançarem a destruição do regime de escravatura em que actualmente vivem...
E à próxima, qundo me voltar a ver à saída de um restaurante, não hesite em me falar :)
Um abraço,
António Garcia Pereira