sexta-feira, 8 de abril de 2011

O MODELO DO (IN)SUCESSO


O “sucesso económico” e a “criação de emprego” dos últimos 12 anos, concretizados sobretudo na destruição da economia, como a Industria transformadora e as Pescas, por exemplo, passaram igualmente pela imposição crescente do estafado e ultrapassado modelo taylorista do trabalho intensivo, pouco qualificado, mal remunerado e precário.

Assim, entre 1998 e 2010, os contratos a prazo passaram do total de 400 mil (11% da totalidade dos contratos) para 720mil (19%). E, no mesmo período de tempo, passou-se, no escalão etário dos Jovens até 24 anos, de 1 em cada 3 (33%) ter um contrato a prazo para a situação de 3 em cada 5 (60%) o terem. E no escalão etário dos 25 aos 34 anos, no mesmo período de tempo, a percentagem dos contratos a prazo passou de 18% para 30%!

A teoria da pretensa “inevitabilidade” desta situação – e que tem por detrás o dogma, nunca demonstrado, de que maior precariedade conduz a maior produtividade – assenta afinal na ideia de que só com trabalhadores permanentemente amedrontados e com receio de perder o ganha-pão é que se constrói uma economia sólida e competitiva.

A realidade pura e dura do desastre anunciado dum País que não produz quase nada e tem que importar praticamente tudo, por isso se endividando continuamente, aí está a demonstrar a completa falácia deste pretenso “modelo de sucesso”.

3 comentários:

  1. Para os que ainda não entendem, o motivo pelo qual são sempre os mesmos a desgovernar este país (p pequeno de propósito) fica aqui a razão!!!

    ResponderEliminar
  2. Temos uma/duas gerações inteiras que foram iludidas/ludibriadas pelo CANUDO... e pelo que se vê continuamos a enganar milhares de jovens pois continua-se a incutir a ideia de que só vais lá com um CANUDO, não interessa qual, tens é de ter um! Pelo meio os Professores Universitários/Universidades vão esfregando as mãos de satisfação... pois o emprego continua certo. Não se pode agora esperar que estes milhares e milhares de jovens adultos agora se dediquem à pesca/agricultura/produção... eles sentiram o cheiro da secretária e agora também a querem... Lá vão os anos dos cursos técnicos em que aprendíamos em pouco tempo o essencial para desenvolver actividade naquilo que, em princípio, pensávamos que gostaríamos de fazer... A tal mobilidade passa muito por aqui, ter a opção/capacidade de ir alterando as aptidões teóricas num curto espaço de tempo, e com pouco esforço financeiro, até se encontrar algo que se goste de fazer.
    Quanto ao aspecto mais global: Nós sempre tivemos e sempre teremos uma grave deficiência em termos de ENERGIA (todas as formas/utilizações) e o grande mal é que nunca aproveitamos/desenvolvemos actividades nas quais fossemos auto-suficientes. Como na actual estrutura civilizacional a ENERGIA é tudo, posso afirmar com certeza que nunca iremos muito além disto... ou mudamos de rumo, ao será sempre mais do mesmo!

    ResponderEliminar
  3. Meu caro,

    O boletim de voto que apresenta no seu blog constitui uma síntese notável do que têm sido estes últimos 20/30 anos. E é um excelente exemplo de "agitação e propaganda".

    Tem razão quanto ao erro que foi - e sobre o qual, aliás, já falei por diversas vezes - a extinção do nosso ensino técnico-profissional que privou o País de qualificações técnicas médias absolutamente vitais para um País que queira produzir.
    E, na verdade, num País que foi levado a destruir a sua capacidade produtiva há cada vez menos emprego para os Jovens mesmo que com elevadas qualificações formais.

    Finalmente, a questão da Energia é também uma questão vital tanto mais que o seu elevado custo é um factor bem mais importante do que outros (por exemplo, os salários que os economistas de serviço sempre gostam de invocar) nos custos das empresas. Mas essa questão foi transformada pelos Sócrates e Mexias da nossa praça na abertura aos amigos da "janela de oportunidade" do negócio das energias alternativas, suportadas a peso de ouro à custa do contribuinte e na persistência em opções estruturalmente erradas como por exemplo a aposta no transporte pesado rodoviário em detrimento do ferroviário.

    É claro que estas são questões que nunca se pretende que sejam debatidas, muito menos séria e aprofundadamente, porquanto elas poriam a nu os erros sucessivamente cometidos nestas matérias e os respectivos responsáveis.

    Mas é até por isso que temos mesmo de mudar de rumo.

    ResponderEliminar