segunda-feira, 25 de abril de 2011

O POVO E O 25 DE ABRIL


Não deixando, obviamente, de saudar o derrube do regime fascista e de venerar a memória e o exemplo de todos quantos contra ele combateram, não deveremos esquecer, por um lado, que foi o Povo - que veio para a rua contrariando as indicações do próprio FMA - que com a sua força e a sua luta forçou e determinou o rumo dos acontecimentos, desde a vitória militar até ao forçar do cerco à sede da PIDE (que não fora ocupada e que no final da tarde do próprio 25 de Abril metralhou a sangue frio uma manifestação causando as únicas mortes dessa data), passando pela imposição da libertação de todos os presos políticos.

E, por outro lado, que foram as ilusões acerca do que era construir o Socialismo e da pretensa desnecessidade da tomada do Poder, que levaram o mesmo Povo a abdicar dessa tomada e a permitir que 25 ou 30 anos mais tarde se verifique que muitas coisas estão essencialmente na mesma.

Quando o cidadão comum diz hoje na rua, e cada vez mais, que "isto está a precisar é de um novo 25 de Abril, mas desta vez a sério!", está afinal, e mesmo que disso se não dê conta, a mostrar que já fez o balanço dessa experiência histórica, e aprendeu com ele e sabe como é que as coisas não podem correr da próxima vez.

Numa altura em que os cidadãos portugueses cada vez mais se dispõem a sublevar-se esta experiência é mais importante do que nunca...

3 comentários:

  1. "isto está a precisar é de um novo 25 de Abril, mas desta vez a sério!"

    Como podemos ser levados a sério pelo Poder, quando ao mesmo tempo que afirmamos isto, votamos em massa na Abstenção?!

    Se a maioria se abstém, não acredito que tenha CORAGEM para sair à rua...

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  2. http://bioterra.blogspot.com/2011/04/meu-diario-do-25-de-abril-de-2011.html
    Fomos de metro. Chegados à Avenida dos Aliados, a malta foi "chutada" para lá ao fundo, longe da Câmara Municipal do Porto, ai, nós a peste negra não fôssemos infeccionar o Rui Rio. Já não me lembro bem quando foi a última vez que vi o PSD na arruada do 25 de Abril no Porto...salvo erro há uns bons 10 anos para cá. CDS há muitos mais anos, mesmo. PS de certeza que há uns 5 anos. O PCP e o BE sempre presentes. Mas este ano tão poucos os sindicatos, tão pouca adesão...o cortejo era magrinho e com fome como muitos milhares já estarão a passar em Portugal...Com o meu filho compramos 2 cravos de Abril nas ruas como é tradição. Depois fui ao Norteshopping pois o meu filho merecia uma prendinha extra e lá fomos. Era quase o inverso da Av. dos Aliados: cheio! E foi com muito orgulho que exibi o cravo de Abril na lapela e o meu filho com outro na mão, entre olhares (muitos) envergonhados e (alguns) de medo e pensei: Raios os parta! Merecem tudo e mais alguma coisa.

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  3. Meus caros,

    Compreendo a vossa mágoa e concordo em que os cidadãos devem ser confrontados com a responsabilidade pelas opções que fazem, pois não é aceitável que, repetidamente avisados de que um voto no PS ou no PSD é uma facada no próprio peito, reincididam nessa lógica do "voto alternativo" para escassos meses depois parecer que afinal ninguém votou no partido vencedor.

    Mas tudo isto não nos pode fazer desanimar nem esquecer que se se persistir na defesa de posições políticas correctas, não obstante a torrente da propaganda oficial, aquelas acabam por obter um grande apoio. E também que este, muitas vezes, se desenvolve muito rapidamente.

    Voltando ao 25 de Abril, convirá recordar que escassas semanas antes dessa data se realizara uma manifestação de apoio ao Governo de Marcelo Caetano que aparentava dispôr de grande força e estar para durar. E afinal, quando os dados foram lançados, se viu como aquilo que parecia invencível, afinal, caiu em menos de um dia.

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