sábado, 15 de agosto de 2009

Ainda sobre regionalização

Se o interior do país está desertificado, nomeadamente o Alentejo, é porque os sucessivos governos trabalharam para acabar com a agricultura em Portugal. Aliás, aquela moda das anedotas sobre os alentejanos que visam apresentá-los como broncos, lentos, não querem trabalhar, mandriões… é uma forma de procurar justificar ideologicamente o abandono a que aquela zona do país foi votada. E, portanto, se de facto aquilo é uma zona de broncos e calaceiros, não faz mal estar abandonada. E, hoje, no Alentejo, temos uma das maiores taxas de suicídio de toda a Europa e temos áreas de fome onde a última coisa que resta a esses nossos concidadãos é a sua dignidade. A dignidade que os faz esconder a situação em que vivem. Mas quem conhece o problema sabe que isto é verdade.

4 comentários:

  1. Senhor Professor, não generalize, fica-lhe mal. Há sítios do Alentejo com elevadas taxas de suicídio como há noutras zonas do País!

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  2. Claro que há. Mas o Alentejo é seguramente uma das zonas em que esse problema é mais grave. Aquilo que referi conheço não apenas do estudo e das estatísticas mas também do contacto directo com essa realidade, cuja razão de ser reside, em meu entender, nas razões que apontei.
    E será por acaso, estatístico ou não, que os alentejanos sejam as principais vítimas desse tipo de chalaças?...
    A burguesia e o grande capital não brincam em serviço, sobretudo quando se trata de “dividir para reinar” e de fazer pagar, mesmo que a 20, 30 ou mais anos de distância, o preço de os trabalhadores dos campos alentejanos terem ousado estar do lado da Revolução.

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  3. É verdade, uma anedota pode parecer algo inofensivo ou sem um sentido profundo, mas é uma forma habilidosa de criar uma ideia pré-definida.

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  4. Nesta matéria e na minha maneira de ver duas questões principais se levantam.
    1º A classe social dos que tudo têm e está no poder, que é a mesma que manda fechar as maternidades e os hospitais, quer a regionalização.
    2º E a outra classe social que nada têm e que não está no poder, mas conta com mais de 700 000 desempregados, entende e muito bem que regionalização não é necessária para nada.
    Neste contexto, entendo que o professor nesta matéria se limita de forma correcta a interpretar e transmitir o que se passa na sociedade portuguesa.

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