segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Sobre a abstenção

O assunto já foi abordado no Twitter (onde alguns interlocutores me levaram a "falar" sobre o assunto) e, também, no Facebook... redes sociais onde desenvolvo boa parte dos meus contactos informais com as pessoas. Mas fica aqui, também, o que penso sobre a crescente abstenção com que o eleitorado tem vindo a castigar a casta política que nos tem governado...
Quanto a mim, o nível de abstenção é o resultado directo de políticas e de formas de exercer a política com as quais os cidadãos cada vez menos se identificam. Se, por exemplo, se nega a realização de um referendo sobre as grandes questões europeias sob o pretexto de que os portugueses não são suficientemente conhecedores e maduros para poderem escolher e se se tomam todas as decisões importantes sem nunca se consultar o povo; ou se, por outro lado, se pretende fazer crer que os portugueses só podem escolher entre os cinco partidos do poder que eles já tão bem conhecem, e muito em particular o PS e o PSD, é natural que um número crescente de pessoas nem ponha os pés nas Assembleias de voto. Agora, porque essa atitude, embora de protesto, é inconsequente e até inútil (até porque as máquinas partidárias vão lá votar à mesma e mesmo com uma votação minoritária elegem os seus homens de mão), o trabalho que há a desenvolver é o demonstrar que há uma alternativa progressista, inconforme e conforme aos interesses do povo relativamente ao actual estado de coisas.
Não votem neles. Experimentem um novo rumo para o país. Votem nas listas do PCTP/MRPP.

9 comentários:

  1. Pois é Sr. Dr. Garcia Pereira. Concordo consigo em QUASE TUDO... como sempre. O único senão é que o Sr. Dr. Não percebe que as pessoas desencatadas com a política e os políticos, acabam por achar que são TODOS (os políticos) iguais; e se confiaram uma vez e foram enganadas, não estão disporatas a voltar a confiar, sem garantias, que não há. Enfim a coisa é um pouco mais complexa e não se pode explicar em poucas palavras.
    Foi por isso que eu criei uma petição para valoração da abstenção, que tem sido alvo de cerrada censura, que lançou o pânico nas hostes do "inimigo". A fazer fé nas suas plavras (publicadas no Facebook) eu também deveria ter o direito de participar nos debates eleitorais.
    Em vez disso estou sob ameaça constante de ser presa, sou alvo de perseguição, nazi, da polícia e tribunais e até já fui vítima de agressão policial ignóbil, num dos elevadores dum edifício do Campus da Justiça. Não encontro ninguém que ajude a sério. Todos se omitem. Será que o Sr. Dr. poderia, de algum modo, ajudar? É quando somos vítimas destes actos infames que nós percebemos a sinceridade das figuras públicas e o quanto elas são confiáveis.

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  2. Acho que as pessoas desencantadas com a política pouco resolvem abstendo-se, como diz é inconsequente e dará mais força aos Partidos geradores da injustiça. Penso que no conceito democrático, deve-se escolher o representante do povo que mais se identifique com a Democracia e igualdade de Direitos. É um Dever votar e se não o exercermos, estamos a prescindir de todos os nossos Direitos. Não contribuir para uma sociedade, é excluir-mo-nos dela... deixamos assim de ter Direito à cidadania, por não darmos contributo à sua formação. Para isso já bastam as Ditaduras.

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  3. Ilustríssima "Fada do Bosque".
    Talvez a minha ilustre amiga perceba alguma coisa de bosques mas, pelos vistos e a julgar por este seu comentário, não percebe nada de sociedades humanas.
    O que você acha, ou não, para o caso NÃO INTERESSA NADA, decorre das suas opiniões e convicções mas, SE O PRETENDE APLICADO PELOS OUTROS, é uma atitude anti-democrática, entendendo a democracia na sua essência, é claro!
    O facto é que as pessoas OPTAM por se abster, DESENCANTADAS com a política e COM OS POLÍTICOS. Ficar de fora, a pregar aos peixes (porque os abstencionistas não nos ouvem; estão fartos de ouvir mentiras e de ser enganados) é que não resolve nada e DÁ MAIS FORÇA, dá TODA a força aos partidos "geradores da injustiça".
    Porque raio é que as pessoas não percebem que, quem está farto de ser enganado, já não corre riscos, nessa matéria? Essa atitude de pretender "dar lições aos outros", lições que não são compatíveis com o "saber de experiência feito" dos outros; impôr os seus conceitos aos outros, sem cuidar das razões e fundamentos destes e, a partir daí, definir o que é, ou não, democracia é uma uma atitude nada democrática e confirma as desconfianças.
    É que a DEMOCRACIA transcende os conceitos que cada um tem dela. Fiquemo-nos por aqui!

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  4. Resposta a Biranta:
    Quero dizer-lhe com toda a franqueza que não concordo que se persiga alguém pelo facto de, como refere, simplesmente defender a abstenção. Mas também não concordo nem que as pessoas desencantadas com a política generalizem esse desencanto em relação a todos, mesmo àqueles a quem nunca deram a oportunidade de mostrarem o que valem. Como não concordo que responda a quem de si discorda do modo como o fez à Fada do Bosque. A DEMOCRACIA passa também por respeitarmos opiniões diferentes das nossas. E que tipo de ajuda me solicita? Como político ou como advogado?

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  5. Caro dedo político,
    É isso mesmo! E o modo completamente impune como a CNE é ignorada e um princípio legal e constitucionalmente consagrado como o da igualdade de tratamento e oportunidades é violado, mostra bem a real natureza da democracia de opereta em que vivemos.

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  6. Dr. Garcia Pereira!
    Enviei-lhe uma resposta que não vejo aqui, mas também não faço questão de que a publique...
    Como está activada a moderação de comentários e, portanto, irá ler-me, venho aqui para referir algo que não disse na resposta, apressada, que lhe dei e que não foi publicada.
    Diz você, na resposta que me dá, que
    "não concordo que as pessoas desencantadas com a política generalizem esse desencanto em relação a todos, mesmo àqueles a quem nunca deram a oportunidade de mostrarem o que valem"
    Pois eu acho que está enganado! Acho que as pessoas já lhe deram oportunidade e acho, em boa verdade, que devia perceber isso e actuar em conformidade, porque as pessoas que votam em si merecem mais do que "continuar a votar para nada!" que é o que tem provocado a desistência de MUITOS.
    Passo a explicar:
    Na minha proposta inicial de VALORAÇÃO DA ABSTENÇÃO (proposta que acredito que conheça) propunha-se a redução do número máximo de deputados para 150 e a alteração da forma de fazer as contas de modo a que cada partido tivesse, no Parlamento, percentagem de deputados exactamente igual á respectiva percentagem, REAL, de votos.
    Portanto, de acordo com esta proposta, você já teria sido eleito deputado HÁ MUITO TEMPO. Muito antes do BE eleger algum deputado...
    Na versão actual da minha proposta de alteração do sitema eleitoral o número máximo de deputados é reduzido para 100...
    Mas não está claramente definido o que fazer com os votos dos pequenos partidos e, estabelendo-se o princípio do respeito pela vontade expressa por todos e cada um dos eleitores, poderia se estabelecer a regra de que, cada partido ou candidatura com mais de 0,5% dos votos, elegesse um deputado que recebesse a correspondente percentagem do vencimento e participasse nas votações também com a respectiva percentagem...
    Certamente que você conseguiria ser eleito e teria a sua oportunidade de mostrar o que vale, lá. Isso seria mobilizador para os seus apoiantes e um incentivo a que votassem em si, até.
    Eu sei que estas ideias não caem bem na lógica dos dirigentes partidários e que são contrárias à "vocação" dos partidos mas, francamente lhe repito: "os seus apoiantes merecem que você (e os outros "pequenos") reivindiquem, DE QUEM DE DIREITO, a concretização da oportunidade que os eleitores vos dão. Até eu era capaz de votar em si, MESMO CONTINUANDO A DEFENDER, COMO CONTIONUAREI, A VALORAÇÃO DA ABSTENÇÃO.
    Portanto, eu não compreendo como é que você (e os outros nas mesmas condições), não são os segundos subscritores da petição para valoração da abstenção. Os segundos subscritores porque a primeira assinatura é minha como autora...
    Não entenda isto como uma proposta ou como um apelo.
    É que eu estou verdadeiramente preocupada com a democracia, DE FACTO, não só para os partidos mas também para os partidos, desde que isso não colida com os direitos e o respeito pelos abstencionistas; e, neste caso, não colide! Bem pelo contrário.
    Nem sequer estou a sugerir-lhe que assine ou que divulgue a petição, porque isso faz parte dos seus direitos fundamentais que quero respeitar como EXIJO que os meus sejam respeitados.
    Apenas achei que devia colocar-lhe a questão desta forma porque já há muito tempo que fiz as contas e cheguei a essa conclusão: você já teve a oportunidade que reclama e não é por culpa dos eleitores que ela não se concretizou.

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  7. Bem...aqui há mesmo liberdade de expressão, é bom sinal! Imagino se houvesse um comentário destes num blog do PS ou do PSD...

    Os seus comentários não terem sido aqui moderados acho que já foi uma ajuda que com certeza mais nenhum partido lhe deu...

    Acho que são ideias válidas, apesar de não concordar.

    Se alguém tem interesse político suficiente para ver na abstenção uma forma de tomar medidas políticas e não apenas de protesto, esse interesse dificilmente ficaria por aí, pela mera abstenção. Quanto muito revolta-se e é possível que isso venha a acontecer.

    Aliás, o que está a fazer é política. Só que política sem partido, sem um centro para onde poderiam seriam canalizadas as intenções dos cidadãos.

    E que oportunidade é que o MRPP teve? Não percebo.

    Acho que os cidadãos são livres de escolher se votam ou não, certo. Mas é curioso como é que você (perdoem-me a expressão, que apenas é retórica) escolhe o desgraçado para despejar a raiva.

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  8. Meu caro OHomemNovo!
    Há muita confusão na sua cabeça em relação ao que eu digo e também quanto às minhas intenções.
    Em primeiro lugar, é verdade que aqui há liberdade de expressão que não há noutros lados. E não me refiro aos partidos, que não contactei por achar perda de tempo. Os meus comentários têm sido censurados, e mesmo apagados, em locais insuspeitos. Diga-se o que se disser, a minha petição lançou o pânico entre essa gente. Compreende-se! Eles dizem barbaridades acerca dos abstencionistas, contando que ninguém lhes responda...
    Quanto ao que você não compreende, desculpe mas eu também não vou voltar a explicar. Já expliquei; entende quem entender...
    Quanto a fazer política, eu nunca disse que não fazia política, nem sou daquelas pessoas que acham que "fazer política" é um crime ou uma coisa condenável, até porque essas ideias são incutidas pelos políticos que sabem que não podem convencer as pessaos esclarecidas e, por isso, lançam essa atoarda como epíteto, para não terem oposição "esclarecida". Comigo não pega!
    Depois eu não faço os meus comentários em busca de AJUDA. Faço-os porque tenho isso para dizer ao Mundo e não percebo porque é que não hei-de dizer. Por vergonha! Não tenho vergonha nenhuma! Quem censure, afinal, denuncia-se... e a gente deve sempre confirmar as nossas suspeitas para podermos ACUSAR.
    Além disso, como pretendi demonstrar, quando fiz as contas verifiquei que a minha proposta interessa A TODOS OS PARTIDOS, à excepção dos 2 que se alternam no poder: P.S. e P.S.D.
    Todos os outros partidos ganhariam e o PCTP/MRPP conseguiria eleger um deputado pelo menos. Aliás, se as contas dos resultados eleitorais fossem feitas como eu proponho, o MRPP já teria elegido não 1 mas 3 (TRÊS) deputados, pelo menos... Portanto, repito, como eu acho que a forma como proponho que se façam as contas é a correcta, a forma honesta, OS ELEITORES JÁ DERAM OPORTUNIDADE AO MRPP HÁ MUITO TEMPO.
    E principalmente, a minha proposta interessa aos partidos que pretendam, realmente, mudar este estado de coisas para melhor... por motivos que são óbvios. Pelo menos para mim são!
    Quanto à raiva, não sei onde a viu. Não há! É o meu estilo, SEMPRE.
    Quanto aos "desgraçados" também não sei onde estão e nem creio que alguém perca tempo a discutir (ou a falar de assuntos tão importantes) com "desgraçados"
    Há uma coisa no seu comentário cuja lógica eu não entendo: Se a abstenção é apenas(??) PROTESTO devem os abstencionistas, no seu entender, ser ignorados??? QUEM PROTESTA DEVE SER IGNORADO? Não entendo!
    Ou então a gente revolta-se... Mas a minha petição (e a minha luta) é uma forma de revolta. E é eficaz! Tanto que é que eu tenho sido censurada em toda a parte PARA QUE AS PESSOAS NÃO SAIBAM QUE A PETIÇÃO EXISTE. E não sabem... AINDA.
    Aliás, em vez de ver "raiva para com os desgraçados" QUE NÃO EXISTE, afinal você deveria ter visto REVOLTA EM RELAÇÃO A ESTE ESTADO DE COISAS...
    E, como o meu estilo parece que o perturba: DESCULPE QUALQUER COISINHA!

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  9. Não tem de se desculpar, você é que perde mais em expor-se de maneira tão agressiva, não transmite a sua mensagem. E não é a mim que não transmite, é a praticamente toda a gente.

    Sejamos construtivos.De facto, através do modelo que fala, das últimas eleições teriamos 146 deputados, 82 cadeiras vazias, não haveria maioria absoluta e este partido teria de facto 1 deputado. Essas 82 cadeiras vazias seriam o resultado de uma abstenção que tanto poderia ser de protesto, como de pessoas que foram à praia, como de pessoas que não ligam à política, certo?

    Mas isto é um vício de raciocínio, porque se resultasse o que propõe e os desiludidos pelo sistema se abstivessem era isto que aconteceria:

    Cada partido tem os seus seguidores inveterados, seguidores que independentemente do que haja, vão sempre votar no seu partido como quem tem lugar cativo num estádio de futebol. E os partidos que têm mais desses seguidores são o PS e o PSD. O resto dos votantes resulta de pessoas que compõem tudo o resto e se encaixam nos outros partidos não porque são seguidores inveterados, mas porque esperam que algum outro partido seja a solução. Ora, o que propõe é que todas estas pessoas se abstenham. Sabe o que vai acontecer em última análise? Que cada partido fique apenas com os tais seguidores inveterados. Sabe o que isso significa? Que PS e PSD ainda esmagariam mais do que esmagam agora, e provavelmente, em vez do deputado que o MRPP teria seria antes PCP, BE e CDS a terem cada um, um só deputado e vivessemos num sistema de praticamente dois partidos.

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